sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Os Mitos da Educação - A Falácia do Cheque-Ensino

O governo há muito tempo tenta vender o cheque-ensino como um grande avanço democrático no acesso a uma educação de m,ais alto nível a todas as famílias, independente das suas capacidade económicas. Vende também que é um direito de cada família decidir onde pretende que seus filhos estudem, podendo escolher o tipo de ensino que entendem ser os mais adequados para os seus filhos.
Também vende a ideia de que os colégios privados são, na sua maioria, melhores que as Escolas oficiais, e que, com essa medida, todas as famílias passariam a poder colocar seus filhos nas melhores escolas.
Até aí, tudo parece ser perfeito e lindo... mas será mesmo assim? É que essas afirmações escondem muitas outras coisas que ninguém diz.
1º Mito: Os colégios privados são melhores que os do ensino público.
Isso nem de perto corresponde à verdade, pelo menos no que diz respeito ao ensino prestado aos alunos. O Governo utiliza como justificativa os resultados dos rankings, mas esquece de introduzir alguns detalhes:
a) No ensino público todos os alunos prestam exames, sem interferência da vontade de direções das escolas. Não há escolhas de quem faz os exames e testes de aferições.
b) No ensino público existem alunos externos, que não frequentam obrigatoriamente a Escola, mas que podem se inscrever para os exames, o que não acontece nos colégios privados.

A Escola pública também não seleciona os alunos à entrada!! É bastante óbvio que os resultados obtidos nos colégios privados estão diretamente relacionados com as condições sociais e económicas das famílias. É natural supor que uma família que pode pagar um colégio privado também forneça acesso a outros conteúdos culturais e sociais a essas crianças e jovens. é também de supor que essas famílias atribuam uma grande importância ao capital académico e à valorização da Escola.

Por isso, os resultados dos rankings dos colégios privados não são devidos à qualidade dos colégios, mas à uma seleção criteriosa dos alunos que neles estudam! Qualquer Escola pública que selecionasse criteriosamente os alunos à entrada teria os mesmos ou melhores resultados que os colégios privados. Qualquer colégio privado que experimentasse abrir as suas portas a todos e a qualquer um, teria também os mesmos resultados do ensino oficial.

2º Mito: O Ensino Privado sai mais barato que o Público.
Essa mentira é vendida apenas levando em conta o número de estudantes e os custos de cada escola/colégio. Não leva em conta um conjunto de ofertas educativas que apenas as escolas oficiais oferecem, nem leva em conta necessidades específicas das escolas oficiais. Como exemplo podemos mostrar os casos do ensino especial, que atende milhares de alunos com as mais variadas deficiências ou limitações, que necessitam de apoios altamente especializados, funcionários de apoio e grupos de trabalho reduzidos, o que, obviamente aumenta o custo por aluno.
Também temos os cursos vocacionais e profissionais, turmas de percurso curricular alternativo e dezenas de outras particularidades além da tradicional sala de aula. Também na Escola Pública o Desporto Escolar é uma oferta que tenta abranger todos os alunos interessados, sem necessidade de pagarem por "Atividades Extra-Curriculares", como acontece nos privados.

3º Mito: A democracia do acesso ao Colégio Privado.
Essa talvez seja das maiores falácias dessa proposta. A que o cheque-ensino permitirá a que todas as famílias podem inscrever os seus filhos em qualquer colégio.
Em primeiro lugar, o fato de uma família ter um cheque-ensino não significa, obrigatoriamente, que um determinado colégio tenha que aceitar esse aluno. Ao contrário da Escola Pública, o privado escolhe os seus "clientes" e vai continuar a fazer uma seleção para garantir a continuidade de um status adquirido e que convém não mudar.
E em segundo lugar, o cheque-ensino terá um determinado valor, devendo as famílias assegurarem a diferença em relação à mensalidade do Colégio. Ora, vejamos um exemplo prático. Imaginamos um cheque num valor de 250€ e uma mensalidade de 400€. A família teria que suportar os restantes 150€. Que família pode arcar com esses custos? A que está desempregada? A que ganha o ordenado mínimo? A que vive com a ajuda dos pais reformados? A verdade é que o cheque-ensino não vai servir para democratizar o acesso a esses supostos "melhores colégios", mas vai permitir dar um bom desconto às famílias que, sem o cheque, já o podiam pagar!!! Nós com o nossos impostos acabaremos por pagar o estudo dos filhos das famílias mais ricas!!!

Fica então a pergunta final? O Estado, através dos nossos impostos deve financiar o lucro dos privados???
O que um colégio privado tem em comum com um banco privado, um café ou um supermercado? É que todos existem para darem lucros aos seus donos. Vender alimentos, créditos, conhecimento ou pastéis de nata são apenas particularidades ou estratégias de mercado para se alcançar o lucro. Nada contra isso, pelo contrário, geram riquezas e contribuem para o PIB. Mas cada um que se gira com os seus próprios meios!!

O cheque-ensino é um subsídio ao privado. Cada cêntimo dado a um colégio privado é menos 1 cêntimo que poderia estar a ser investido no ensino público de qualidade. Se fosse verdade que o privado tem melhor qualidade, então a solução não era dar mais dinheiro aos privados, mas financiar, melhorar, investir cada vez mais no ensino público, para que a sua qualidade fosse cada vez melhor.

O cheque-ensino é uma falácia, um mero artifício para engordar os lucros de grupos económicos que, através da educação, vão ficando cada vez mais ricos. O cheque-ensino é também uma das estratégias de um governo que tenta liquidar e destruir o serviço público. Já temos o cheque-cirurgia e o cheque-dentista, qualquer dia teremos o cheque-tribunal, o cheque-polícia, etc... pensem nisso!!

domingo, 17 de novembro de 2013

Mentiras sobre a Educação - parte 1

Muitas coisas são ditas sobre a Educação, algumas são repetidas tantas vezes que há uma certa tendência para, depois de algum tempo, aceitarmos como verdades.

Mas há muitos mitos que precisam ser derrubados, em nome da verdade e da justiça da Escola Pública em Portugal.

Um dos mitos sistematicamente divulgado é que as escolas privadas são de melhor qualidade que as escolas públicas. Afirmação justificada pelos sucessivos rankings divulgados pelo Ministério da Educação e por resultados compartivos de sucesso no acesso às universidades.

Não se pode negar, obviamente, que os primeiros lugares desses rankings pertencem aos colégios privados, mas será que esse resultado por si só, serve para afirmar que isso acontece devido à qualidade dos colégios? Parece-me óbvio que não!

Quero acreditar que a maioria dos colégios privados apresenta um corpo docente estável, dedicado e cientificamente e pedagogicamente competente, tal qual é verdade para a esmagadora maioria das escolas públicas.

Também, por aquilo que conheço, não me parece que haja uma grande discrepância nos recursos educativos disponibilizados para os alunos do público e do privado, pelo que também não seria a existência de mais ou menos meios que justificaria a disparidade de resultados.

Se não são os professores nem os recursos, então o que pode explicar essas diferenças?? Obviamente o que faltaou ser analisado... os alunos e suas famílias.

O custo de frequência dos estabelecimentos privados de referência são sobejamente conhecidos... e elevados, o que faz com que apenas uma parcela muito reduzida da sociedade tenha acesso a esses colégios. São inúmeros os estudos sociológicos que comparam os fatores sociais e económicos aos resultados e importância dada à Educação... não vale a pena citar aqui estudos que são públicos e do conhecimento de toda gente!

Também é sabido que um colégio privado não tem a obrigação de aceitar toda gente, podendo escolher os seus alunos, criando então, à partida, um "meio de cultura" estremamente selecionado, oriundo de famílias com capitais sociais, académicos e culturais diferenciados.

O que explica os resultados é tão somente a seleção criteriosa dos alunos, seja por meio de uma exclusão económica dos menos favorecidos, seja por outros critérios específicos de cada colégio.

Por sua vez, a Escola Pública recebe toda gente, ricos e pobres, filhos de "doutores" e filhos de analfabetos, tratanto todos com a mesma dignidade e com dedicação. Tentado fazer com que cada um dê o máximo das suas capacidades, explorando as competências de todos e de cada um.

Qualquer Escola Pública que selecionasse os seus alunos no ato de ingresso, que expurgasse todos aqueles que "não interessasse", que eliminasse crianças com Necessidades Educativas Especiais e que levassem a exames apenas aqueles que dessem garantias de brilhantismo... então essa Escola estaria nos primeiros lugares dos rankings... mas não é para isso que a Escola Pública existe. Ela existe para diminuir essas desigualdades que os colégios privados acentuam, a Escola Pública existe para garantir a mobilidade social, para permitir o acesso à melhores condições de vida a crianças cujas famílias não podem sonhar em dar mais que o mínimo de sobrevivência.

É essa escola Pública que esse governo insiste em destruir, seja através de cortes cegos e irresponsáveis, seja através da diminuição de professores e funcionários dos quadros, seja através de medidas demagógicas como cheques-ensino.

É preciso defender a Escola Pública, com todas as nossas forças!

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O que diria Salgueiro Maia?

Todos conhecem a frase do Salgueiro Maia sobre os estados capitalistas, os estados socialista e o estado a que chegamos! As vezes pergunto-me o que diria o "Capitão de Abril" se ainda fosse vivo... se visse o estado a que chegamos depois daquilo que ele e outros fizeram em 74.

Obviamente não me passa pela cabeça comparar uma ditadura com a nossa suposta democracia, mesmo a pior das democracias ainda é preferível à melhor das ditaduras.

Mas será que o estado a que chegamos é assim tão distante daquele a que Salgueiro Maia se referia? Temos um povo que vive entre os desesperados, os resignados, os desistentes e os beneficiados... o que também existia antes de 74.

Desesperados são todos os que vêem seus rendimentos minguarem cada vez que um ministro abre a boca para anunciar alguma nova medida, os que vão perdendo seus empregos, rendimentos até perderem a dignidade social e humana que todos merecemos; os resignados são alguns desses que desistem de tudo, vivem por inércia, num estado cada vez maior de alienação; os desistentes são aqueles que não desistem deles próprios, mas do país, indo buscar vida em outras paragens, tal como antes de 25 de Abril. Os beneficiados, bem, esses sempre existiram... banca, PPP's, patos bravos, carreiristas laranja ou rosa, mudaram apenas as moscas!

Não sei o que ainda é preciso acontecer para que as pessoas lembrem de uma outra frase do Salgueiro Maia, "SOMOS TODOS CAPITÃES"

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O bombista suicida

O bombista suicida não combina encontrar-se no café com os amigos no sábado depois de se explodir, também não combina ir ao futebol ou beber um chá qualquer dia desses. Se o faz, é mesmo apenas para disfarçar os seus reais objetivos.

O bombista suicida tem uma missão. Vê apenas a sua missão, nada mais interessa ao bombista suicida que o cumprimento da sua missão. Não há o depois para o bombista suicida, excepto o suposto bilhete para o paraíso e as supostas virgens a que terá direito.

Normalmente os políticos são diferentes... para os políticos é muito importante o depois, principalmente o "depois das eleições". Como o depois das eleições é muito importante, o "imediatamente antes das eleições" é também fundamental, é este que vai determinar o primeiro!

É por isso que mesmo governos medíocres fazem um enorme esforço no último ano ou nos últimos meses de mandato para agradar a tudo e a todos, numa esperança que o povo esqueça as mazelas a que foram sujeitos e, na hora do voto, lembrem-se apenas desses últimos meses, onde algumas benesses foram dadas.

Mas eis que agora estamos diante de uma nova forma de governação, o governo que diz que está "a se lixar para as eleições"! Numa primeira leitura poderíamos pensar que essa afirmação era um compromisso com o país e frontalidade com o eleitor; poderíamos também pensar ser apenas uma afirmação falaciosa, como fazem muitos políticos, e que não corresponderia à verdade... enfim, muitas interpretações seriam possíveis.

Eu estou mais inclinado para que seja mesmo verdade... mas que estamos diante de um governo tipo bombista suicida!

Esse governo tem uma missão. Tem uma ideologia. Nada é mais importante que cumprir a sua missão, que implantar a sua ideologia de forma irremediável. O empobrecimento da população, a destruição das leis laborais, a degradação do serviço público, das escolas públicas, do serviço nacional de saúde... nada disso ocorre por fatalismos ou condicionalismos externos. São fruto de uma postura ideológica, que precisa ser implementada a todo custo. Sem importar o café com os amigos ou o futebol do domingo seguinte. Nesse caso nem mesmo as virgens seriam assim tão importantes. Fundamental mesmo é cumprir essa visão neolibeal e deixar, tudo o que for possível, entregue aos privados.

É por isso que mudar esse governo é importante. Não que o PS seja melhor... mas apenas porque quanto mais tempo esse governo estiver onde está mais tempo e meios para implementar essa visão de Estado mínimo e assistencialista terá.

Depois da explosão, muitos de nós também já não teremos hipóteses de ir ao café no sábado ou comentar, na segunda, o futebol do dia anterior. Quando o bombista explodir já será tarde demais!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Greve dos Professores. Quem é o mau da fita?

Hoje ouvi o nosso presidente insurgir-se contra os professores e dizer que estão a utilizar os jovens estudantes como objetos para atingirem determinados fins.
Ontem foi a vez do ministro dos submarinos dizer que não é possível aceitar que os professores prejudiquem jovens e crianças que tanto se esforçaram para esses exames e que agora teriam as suas pretensões violadas por essa greve.
Também no parlamento ouve-se a mesma ladainha... mas convém perguntar, quem é o mau da fita nessa história?
Mais uma vez o governo utiliza a estratégia de tentar dividir os portugueses, de colocar uns contra os outros. Já foram os jovens que não conseguem emprego contra os velhos que recebem gordas pensões, os funcionários do privado contra os do público, os desempregados contra os empreendedores... e agora lembraram-se (mais uma vez) de colocar as pessoas contra os professores, como se fossem esses os responsáveis pelo que acontece na Educação.

Seria bom perguntar se são os professores que...
... criam os mega-agrupamentos que fazem com que pais e alunos fiquem distantes das suas zonas de residência sem que haja, em muitos casos, efetivos ganhos pedagógicos,
... aumentam o número de alunos por turma, o que provoca um ensino menos respeitador das características de cada aluno,
... tentam sobrecarregar o horário dos professores, que provoca uma real diminuição do tempo dedicado a cada turma, com consequente diminuição da qualidade do ensino,
... que atrasam as colocações de docentes do ensino especial às crianças com diversos tipos de deficiências e que ficam sem apoio durante vários meses,
... que alteram programas e estratégias sem antes avaliar os resultados dos programas que estavam em vigor,
... que promovem o empobrecimento das famílias, levando a que muitas não encontrem um ambiente favorável ao desenvolvimentos dessas crianças e jovens que agora dizem estar muito preocupados.

Será que essa gente que descaradamente aparecem em público a sugerir que os professores utilizam os alunos como arma de arremesso contra o governo não tem um mínimo de vergonha?

Quem tiver olhos para ver que os abra, e veja bem quem é que realmente anda a prejudicar os alunos, as famílias e mais tudo o que se mexe nesse país!!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Eu ouvi direito???

Será que eu ouvi bem??
Ontem eu ouvi o Primeiro Ministro dizer, e passo a citar: "Alguém que pense que pode chegar às responsabilidades sem dizer ao  país como vai governar e resolver os problemas, cavalgando apenas a insatisfação  ou dificuldades, esse nunca inspirará confiança dos portugueses para governar".

Será que eu ouvi bem ou ando com algum problema de audição??

É que nem passa pela minha cabeça imaginar que uma pessoa que chegou ao governo a dizer que iria governar de uma determinada maneira, que afirmou inúmeras vezes que NUNCA iria tomar certas medidas, que apresentou um programa de governo, com o qual se apresentou às eleições e agora faz exatamente tudo ao contrário do que disse, do que jurou e do que escreveu e assinou por baixo iria pronunciar tais palavras!

Por isso é que eu penso que devo ter ouvido muito mal. Ou então essa gente perdeu completamente o sentido da realidade e do respeito aos portugueses. Como é possível uma pessoa fazer tudo ao contrário do que se propôs e vir dizer que não se pode ter confiança nas pessoas a dizer uma coisa e fazer outra?

Isto é fazer troça do País e dos portugueses, é ter a noção de que pode fazer o que quiser sem dar nenhum tipo de Cavaco (desculpem o trocadilho!!) a ninguém... e seguimos todos num mundo entre a fantasia e o terror.

sábado, 12 de janeiro de 2013

O sobrinho do dono

 Estão a ver aquele jogo de futebol onde uma das equipas está a levar um verdadeiro baile do adversário?
Os jogadores em campo não sabem para que lado correr, o caminho mais executado pelo guarda-redes é o de ir buscar a bola dentro da baliza e o treinador já não sabe mais o que fazer.
Desesperado ele olha para o banco e vê o sobrinho do dono do clube, pensativo a olhar para o jogo. Ele só está ali no banco porque é o sobrinho do dono, é mesmo muito mau a jogar e o que vale é que o dono do clube não faz questão que ele joga, basta deixa-lo no banco que ele fica contente.
E até é conveniente agora, assim não precisa ficar com nenhuma responsabilidade nesse resultado desastroso da equipa.
Assim é como eu vejo a atual conjuntura política. O treinador Cavaco olha o que se está a passar e pensa: "Isso assim não pode continuar, preciso fazer alguma coisa!" Olha para o banco e vê o Seguro lá sentado, a olhar pr'aquilo com caras de quem não tem nada com a coisa nem quer ter... muito provavelmente a pensar: "Só espero que ele não me meta a jogar!"
Então, acaba por deixar as coisas como estão... tosco por tosco deixa os que já estão!
E pronto! Mais um golo dos adversários!