quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O que diria Salgueiro Maia?

Todos conhecem a frase do Salgueiro Maia sobre os estados capitalistas, os estados socialista e o estado a que chegamos! As vezes pergunto-me o que diria o "Capitão de Abril" se ainda fosse vivo... se visse o estado a que chegamos depois daquilo que ele e outros fizeram em 74.

Obviamente não me passa pela cabeça comparar uma ditadura com a nossa suposta democracia, mesmo a pior das democracias ainda é preferível à melhor das ditaduras.

Mas será que o estado a que chegamos é assim tão distante daquele a que Salgueiro Maia se referia? Temos um povo que vive entre os desesperados, os resignados, os desistentes e os beneficiados... o que também existia antes de 74.

Desesperados são todos os que vêem seus rendimentos minguarem cada vez que um ministro abre a boca para anunciar alguma nova medida, os que vão perdendo seus empregos, rendimentos até perderem a dignidade social e humana que todos merecemos; os resignados são alguns desses que desistem de tudo, vivem por inércia, num estado cada vez maior de alienação; os desistentes são aqueles que não desistem deles próprios, mas do país, indo buscar vida em outras paragens, tal como antes de 25 de Abril. Os beneficiados, bem, esses sempre existiram... banca, PPP's, patos bravos, carreiristas laranja ou rosa, mudaram apenas as moscas!

Não sei o que ainda é preciso acontecer para que as pessoas lembrem de uma outra frase do Salgueiro Maia, "SOMOS TODOS CAPITÃES"

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O bombista suicida

O bombista suicida não combina encontrar-se no café com os amigos no sábado depois de se explodir, também não combina ir ao futebol ou beber um chá qualquer dia desses. Se o faz, é mesmo apenas para disfarçar os seus reais objetivos.

O bombista suicida tem uma missão. Vê apenas a sua missão, nada mais interessa ao bombista suicida que o cumprimento da sua missão. Não há o depois para o bombista suicida, excepto o suposto bilhete para o paraíso e as supostas virgens a que terá direito.

Normalmente os políticos são diferentes... para os políticos é muito importante o depois, principalmente o "depois das eleições". Como o depois das eleições é muito importante, o "imediatamente antes das eleições" é também fundamental, é este que vai determinar o primeiro!

É por isso que mesmo governos medíocres fazem um enorme esforço no último ano ou nos últimos meses de mandato para agradar a tudo e a todos, numa esperança que o povo esqueça as mazelas a que foram sujeitos e, na hora do voto, lembrem-se apenas desses últimos meses, onde algumas benesses foram dadas.

Mas eis que agora estamos diante de uma nova forma de governação, o governo que diz que está "a se lixar para as eleições"! Numa primeira leitura poderíamos pensar que essa afirmação era um compromisso com o país e frontalidade com o eleitor; poderíamos também pensar ser apenas uma afirmação falaciosa, como fazem muitos políticos, e que não corresponderia à verdade... enfim, muitas interpretações seriam possíveis.

Eu estou mais inclinado para que seja mesmo verdade... mas que estamos diante de um governo tipo bombista suicida!

Esse governo tem uma missão. Tem uma ideologia. Nada é mais importante que cumprir a sua missão, que implantar a sua ideologia de forma irremediável. O empobrecimento da população, a destruição das leis laborais, a degradação do serviço público, das escolas públicas, do serviço nacional de saúde... nada disso ocorre por fatalismos ou condicionalismos externos. São fruto de uma postura ideológica, que precisa ser implementada a todo custo. Sem importar o café com os amigos ou o futebol do domingo seguinte. Nesse caso nem mesmo as virgens seriam assim tão importantes. Fundamental mesmo é cumprir essa visão neolibeal e deixar, tudo o que for possível, entregue aos privados.

É por isso que mudar esse governo é importante. Não que o PS seja melhor... mas apenas porque quanto mais tempo esse governo estiver onde está mais tempo e meios para implementar essa visão de Estado mínimo e assistencialista terá.

Depois da explosão, muitos de nós também já não teremos hipóteses de ir ao café no sábado ou comentar, na segunda, o futebol do dia anterior. Quando o bombista explodir já será tarde demais!