terça-feira, 13 de novembro de 2012

de raça e arraçados

Sabem, eu sou da raça dos que pagam as próprias dívidas. Não que as tenha em demasia, para além da hipoteca da casa não tenho mais nenhum tipo de empréstimo.

Mas as vezes me custa um bocado ver uns arraçados a se vangloriarem de também pertencerem a essa raça de pagadores/cumpridores... é que eu pago as minhas dívidas... com o meu dinheiro!!

É que andar a dizer por aí que pago em dia, que sou bom aluno e cumpridor e que é importante manter a imagem de seriedade e pagar tudo... mas com dinheiro dos outros, sei lá... parece-me estranho, para não dizer imoral.

Porque pagar as suas dívidas com dinheiro dos outros pode ser indicador de 3 possibilidades:

1. Consequência de um gesto de altruísmo, quando quem paga as suas dívidas o faz por generosidade consciente.

2. Consequência de uma obrigação legal, quando se é fiador de alguém que não pagou o que devia.

3. Um roubo, quando nos sacam o dinheiro contra a nossa vontade para pagar dívidas que não fizemos!!

O governo atual sempre poderia tentar justificar-se com o argumento que as dívidas foram contraídas pelo governo anterior, e aquela ladainha que já estamos fartos de ouvir. Mas isso tem um problema legal, é que o governo ou o Estado não são pessoas físicas e quem lá está num momento deve responder por esse mesmo Estado ou governo, não podendo se desculpar em atos anteriores.

Depois, isso tem um outro problema. É que eu não tenho nem nunca tive conta no BPN, nunca transferi dinheiro para offshores, nunca especulei na bolsa, tenho o meu IRS descontado à cabeça, não negociei nem lucrei com nenhuma PPP... portanto, eu também não tenho nada que ver com isso!

Por isso, os arraçados que se julgam da raça dos que pagam as suas dívidas, ou paguem mesmo com o seu dinheiro ou, pelo menos, vão cobrar aos que ganharam, e muito, com isso tudo, porque se houve quem tenha vivido acima das suas possibilidades, não fui eu nem a esmagadora maioria do povo português!


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

2 + 2

Vamos imaginar que a Presidente da Assembleia da República resolve dedicar uma sessão parlamentar a discutir a questão da operação matemática "2 + 2". Isso porque há já várias interpretações sobre essa soma e nada melhor que um debate parlamentar para esclarecer a questão.
Começa a sessão:
P.A.: - tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças, Vitor Gaspar.
V.G.: - Srª Presidente, Srs. deputados, o governo vem afirmar que já apresentou um projeto de Lei que visa resolver o problema dessa equação. Como sabemos, o governo anterior fez uma grande festa com essa e outras operações matemáticas, o que nos leva a ter que rever todos os resultados previstos. Graças à proposta do governo, pretendemos encontrar um resultado de 9 a essa operação. Lembro aos Srs. deputados que a nossa proposta é a única possível e que o governo não se afastará um milímetro dela. Repito, é a única proposta possível e com ela prevemos que o resultado da operação "2+2" dê 9, pelo menos a partir do final de 2013.
P.A. tem a palavra o Sr. Deputado Onório Novo, do grupo parlamentar do PCP.
O.N..:  Como de costume, o governo apresenta as suas propostas como caso consumado, quando não o é. Eu gostava que o governo explicasse onde é que vai buscar essas duas parcelas da equação. Parace-me óbvio que tanto a primeira parcela como a segunda sairão do bolso dos contribuintes. O governo insiste em buscar esses 2+2 nos trabalhadores e deixa o grande capital intacto. O PCP apresentou uma proposta alternativa onde mostra claramente que há outro caminho. Qualquer criança da primária sabe muito bem que se o governo tentar resolver essa conta junto do grande capital verá que o resultado não é de 9 mas de 18, o que corresponde ao dobro da resposta dada pelo governo.
V.G.: - Srª Presidente, eu posso responder já ao Sr. deputado do PCP.
P.A.: - faça o favor, Sr. Ministro.
V.G. - Bem se nota que o Sr. deputado Onório Novo continua a fazer as contas com ábacos, e por isso erra nas coisas mais elementares. Essa conta do Sr. deputado está cheia de erros. A minha equipa fez essa conta várias vezes, chegando a trocar as parcelas de posição, e chegamos sempre ao mesmo resultado. 2+2 são 9 e só não vê quem não quer.
P.A: -. tem a palavra o Sr. deputado Nuno Magalhães
N.M.: - O CDS entende que seria possível até refazer essa conta, mas no estado em estamos e, com os resultados dos últimos exames nacionais, percebe-se que há pouca gente que sabe fazer contas, pelo que o resultado deve ser mesmo nove. Talvez se distribuíssemos a verba da educação para os colégios privados conseguíssemos verificar melhor esse resultado.
P.A.: - tem a palavra o Sr. deputado Luís Fazenda.
L.F.: - Só porque o Sr. ministro fez um doutoramento nos Estados Unidos não pode pensar que sabe fazer conta melhor que a população que o Sr. e o seu governo estão a massacrar. O Bloco de Esquerda tem apresentado propostas de resolução de contas e também de outros problemas de matemática. Os dados que os matemáticos bloquistas alcançaram permitiria que o governo descubrisse que essa conta não dá 9, dá 22, bastando juntar o primeiro dois com o segundo e retirando o sinal de mais do meio. Obviamente que isso iria mexer com os interesses das empresas que realizaram as PPP com os governos anteriores mas que esse governo se recusa a alterar. Uma operação simples, de retirar o sinal de mais e chegamos a conclusão que 2+2 são 22.
P.A.: - tem a palavra o Sr. deputado António José Seguro.
A.J.S.: - Srª Presidente, Srs membros do governo, Srs deputados. O PS não está disponível para alinhar com o governo na destruição da matemática. É inadmissível que o governo tenha chamado matemáticos estrangeiros para os auxiliar na resolução das suas contas e, apenas depois de chegar a um resultado, venha convidar o PS para refundar as equações. Nós não assinamos de cruz, nem mesmo se as respostas forem em escolha múltipla. O PS já apresentou vários resultados para essa soma e eu próprio já fiz essa conta umas 7 ou 8 vezes, encontrando um resultado diferente de cada vez, o que prova que as contas do governo estão erradas e que o PS tem várias soluções criativas e que não destroem nem o país nem os princípios elementares da matemática.
Nisso berra um popular na tribuna: - Não dá para chumbar essa gente toda???

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Estupidez Saloia

Toda gente conhece a expressão "esperteza saloia"... mas não é bem sobre isso que que quero escrever hoje!
Todos os dias somos massacrados (o termo é mesmo esse, massacrado) com mensagens que alertam para as medidas erradas do governo.
São comentadores, politólogos, economistas e, obviamente, a oposição.
Chega a ser caricato ver o António Seguro "alertar" para as "inúmeras vezes" que alertou o governo para o equívoco das medidas que estão a tomar.
Pois na minha opinião, nenhuma das medidas adotadas ou propostas me parecem erradas... nem mesmo me parecem um "ligeiro equívoco".
É que antes de tudo, é preciso compreendermos o que são medidas erradas!! Um erro é quando eu não consigo obter um resultado desejado porque escolhi a estratégia errada!! Será mesmo que o governo está a seguir a estratégia errada? Ou somos nós que ainda não percebemos onde eles querem chegar?
Parece-me muito conveniente para o Governo que a oposição e os comentadores de plantão os acusem de estúpidos, de teimosos, de arrogantes ou convencidos dos seus saberes absolutos.
Enquanto pensamos que eles estão apenas enganados podemos alimentar a esperança que um dia "vejam a luz"!!
Desenganem-se!! O Governo sabe o que está a fazer! Não há ali nenhuma margem de burrice ou de enganos. A equipa económica do governo é formada por académicos oriundos de boas universidades, com mestrados ou doutoramentos feitos em prestigiados centros de investigação. Os comentadores sabem disso, a oposição sabe disso mas continuam a falar como se tratasse de "enganos"... "más opções".

É tudo um mundo do faz de conta, onde impera a "estupidez saloia" por parte de alguns e a ignorância generalizada da maioria dos contribuintes!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Caminhos cruzados

Deixa lá ver se eu percebi bem! Há uns 3 dias atrás o nosso ministro Gaspar informou o país que estávamos numa maratona. Mais precisamente lá pelo quilómetro 27 da maratona.

Agora, volvidos apenas 3 dias estamos numa encruzilhada!!

Eu fui falar com alguns amigos, especialistas em atletismo, sobre como eram organizadas as maratonas... se havia desvios, etc.

A informação que
recebi foi que não há! Não há desvios, não há atalhos nem encruzilhadas!! Mais ainda, todo o percurso da prova está devidamente balizado e ainda vão uns policias, de moto, à frente e outros atrás!!

Por isso, se o ministro que estava na maratona agora está numa encruzilhada, só há uma única explicação! Ele perdeu-se!

Na verdade ele, provavelmente, nunca soube por onde andou. Deve ser daqueles indivíduos, que para ter 1 minuto de glória, irrompem pelo caminho dos maratonistas para aparecer na TV... e depois seguem o seu caminho normal.

A questão aqui seria menos gravosa se o nosso maratonista fosse um corredor solitário... o problema é quando arrasta mais 10 milhões de maratonistas pelo caminho que julga correto para depois dizer que, afinal, enganou-se!!

Tudo isso seria, por si só, já gravoso... mas infelizmente não ficou por aí!! É que o nosso desorientado maratonista resolveu dizer que a culpa da sua desorientação foi da falta de união dos outros corredores... e deles terem reclamado quando alguns, lá atrás do pelotão disseram: - Oh Gaspar... acho que estás a ir pelo caminho errado!! E o Gaspar, lá na frente dos atletas a responder: - Não vês que esse é o único caminho possível??

Pois é... já saímos da maratona sem qualquer glória e chegamos a uma encruzilhada!!

A única vantagem da encruzilhada é que, por definição, tem, no mínimo, 2 caminhos! Seja qual for o que o Gaspar escolher, sempre podemos dizer que há um outro!!

Seria bom se ele fosse buscar uma bússola para se orientar... ainda que, pelo andar da carruagem, já não deva haver bússola ou GPS que oriente esse governo!


Não dá para ficar calado!


Foram cerca de 2 anos ausente. Muita atividade profissional, questões familiares, enfim... um conjunto de coisas que nos vão deixando com menos disponibilidade mental para escrever.

Mas os tempos que correm não permitem a indiferença! Pensando bem, nenhum tempo convida à indiferença!!

Por isso cá estou novamente, deixando as minhas opiniões; não para que concordem com elas, mas pelo menos que elas consigam levar cada um a pensar... refletir sobre as ideias... criarem, alterarem, questionarem as opiniões.

Eu não quero nem posso ficar mais calado e espero que quem leia esse blog também não fique!